Ariano Intenso - Cinéfilo - Fã de Star Wars, Iron Maiden, fotografia, arte e cerveja.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A mania de querer agradar a todo mundo



Um clichê: unanimidade não existe. Outro clichê: toda unanimidade é burra. (Thanks, mestre. Para quem não sabe, a frase é de Nelson Rodrigues. Leia Nelson Rodrigues. Não me refiro à dramaturgia. Mas aos textos que ele publicou na imprensa, pérolas confessionais, que de alguma forma eu tento emular aqui e que estão entre as melhores páginas da literatura brasileira. Mas divago. Voltemos.) O fato é que você nunca conseguirá agradar a todo mundo. E ter essa preocupação é o caminho mais curto para a frustração e para o sofrimento. É como secar gelo. (Opa, outro clichê.) Enfim, trata-se de um esforço inútil.

Claro que você não pode usar essa percepção como um argumento íntimo para mostrar uma banana para todo mundo e viver a vida com a tecla FDS apertada no automática. É sempre bom saber olhar a si mesmo com os olhos dos outros, de vez em quando. Fazer o balanço periódico da sua visão das coisas com a visão que os outros têm delas. O que não dá é para eleger como objetivo supremo de vida ser amado por todo mundo. Primeiro, já disse, porque é impossível. Depois, e mais grave, porque isso é colocar a sua autoestima na mão dos outros. E não há risco maior. Tem gente, os predadores emocionais, que não são poucos, que faz miséria se perceber que você lhes abriu essa porta.

Eu tenho historicamente essa mania de querer agradar. É um dos meus desvãos, dos quais eu tenho consciência, e que vão me dar o trabalho de uma vida inteira para pavimentar. Então nunca convivi bem com a desaprovação alheia, com a secura e aridez dos interlocutores. Tomei muito tempo para perceber que a grande maioria dessas reações não estava sob o meu controle. E caía como um marrequinho na armadilha daquelas pessoas que usam a chantagem emocional como uma ferramenta de controle. Hoje tento fazer um triagem mais equilibrada dos feedbacks que recebo. Jamais serei aquele cara que não dá a mínima para o que os outros vão pensar, vão dizer, para como as outras pessoas vão me enxergar. Faço, quase sempre, questão de oferecer às criaturas que travam contato comigo a melhor experiência possível.

E eis o que tenho a declarar: é uma sensação muito boa depender menos da aprovação dos outros para ser feliz.

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